“É possível vencer a insegurança”, diz psicólogo

Iniciado por Cassandra, Outubro 19, 2017, 19:48:04

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Cassandra

Na vida, algumas situações podem desencadear medo – o que é considerado perfeitamente normal.

Diferentemente do medo, a insegurança presente em algumas pessoas, pode estar ligada a problemas de autoestima e traumas do passado, causando, muitas vezes, problemas sérios no ambiente corporativo.
O JS bate um papo com o master coach trainer e psicólogo João Alexandre Borba, que esclarece questões ligadas ao tema e passa orientações sobre como lidar com o problema.

Jornal Santuário de Aparecida – Qual a diferença entre medo e insegurança?
João Alexandre Borba – O medo gera insegurança, mas só existe se houver um perigo. Já a insegurança está muito conectada com a ideia da autoestima e de autoconfiança. Envolve uma questão mais pessoal de identidade. O medo, não.
Se você está em um ambiente em que existe uma cobra e ela é venenosa, sentirá medo. Vai se sentir-se inseguro porque não sabe como lidar com aquilo.
Quando você está com medo, fica inseguro, mas nem sempre quando está inseguro fica com medo. Se eu tenho medo de a minha esposa me deixar, não é medo, eu estou inseguro, porque eu não corro perigo de ficar sozinho.
JS – É normal as pessoas sentirem medo?
Borba – É muito difícil um ser humano não ter medo de nada. Porém, há uma diferença do medo para fobia. Quando não se consegue nem ficar no ambiente onde existe uma barata, por exemplo, ou se perde o controle sobre si, aí existe a fobia.
JS – Qual a relação entre insegurança e baixa autoestima?
Borba – Uma pessoa que tem uma baixa autoestima não consegue confiar nela própria, pois acredita que o que vem dela, muitas vezes, não é tão positivo quanto o que as outras pessoas trazem.
Esse tipo de pessoa não consegue valorizar a própria opinião e vive em um mundo interno, que não permite a autoexposição.
Às vezes essa pessoa pode ter muitas qualidades que deveria expor mas que, às vezes, no passado, por ter exposto isso, pode ter sido magoada. Aí vem a insegurança. E isso acontece pelo fato de a pessoa ter a sensação de que, toda vez que se expõe, algo negativo acontece, é magoada, ou alguém fala algo que não gostou e começa a achar que o problema está nela.
Funciona como se fosse uma perda de contato com a própria emoção, com a habilidade de se ver, de se olhar e de se analisar.
JS – Quais malefícios a insegurança pode provocar no ambiente corporativo?
Borba – É horrível quando isso acontece, porque a pessoa para de se expor e começa a ficar com receio de que coisas negativas possam acontecer, se ela se expressar. A pessoa começa a ir se fechando, muitas vezes isola-se do grupo de amigos, não consegue fazer o networking, que acontece no meio corporativo. As relações ficam mais enfraquecidas e em alguns casos ocorre até uma baixa de produtividade.
JS – Até que ponto traumas da infância e adolescência podem influenciar na insegurança?
Borba – Todo trauma gera uma insegurança, sem exceção. E, se essa insegurança não for trabalhada, vai transformando-se.
Por exemplo, se eu fui uma criança muito criticada, posso tornar-me um adulto crítico que, para me proteger e não receber mais críticas, começo a criticar todo mundo. Ou posso virar uma pessoa hipersensível a qualquer tipo de críticas.
Muitas inseguranças dos adultos vêm de situações do passado, não todas, por exemplo o medo de amar, de se entregar, de mergulhar numa relação de cabeça. Aparece uma situação nova e as pessoas querem ficar na zona de conforto.
JS – Por que tantas pessoas preferem ficar na zona de conforto?
Borba – A maneira como a sociedade constrói a mentalidade de uma criança é muito voltada à censura. Não se estimula muito que a criança descubra-se e perceba seus talentos. Então muitas pessoas tornam-se adultas, mas inseguras.
Quando essas pessoas vão para um ambiente de trabalho, não usam seus talentos porque caem em profissões que não têm nada a ver com suas aptidões.
O autodesenvolvimento acontece quando se via para uma área específica que tem a ver com algum dom, causando aquela sensação boa de que o trabalho é agradável.
JS – Que dicas pode passar para pessoas inseguras em relação ao ambiente de trabalho?
Borba – É importante, em primeiro lugar, colocar a ideia no papel. Quando a gente observa a própria ideia, passa a ter uma visão de terceira pessoa, tirando-a do mundo mental e colocando-a na prática.
Quando começar a ler a ideia, deve traçar os direcionamentos que poderia tomar, montando uma espécie de um minimapa que permitirá construir todas as ramificações que essa ideia pode proporcionar.
Depois, é preciso mostrar a alguém. Pode ser um amigo em que confie. Mesmo que ele não entenda do assunto, é preciso pedir para que ele observe e opine.
Parece algo bem simples, mas tenho tido grandes resultados com clientes que têm feito isso, porque eles têm visto as próprias ideias de um jeito diferente.
Outra orientação importante é levantar quais são os pontos fortes da pessoa. Fazendo isso, ela vai começar a perceber que tem muitas qualidades. Isso vai valorizá-la mais e ajudá-la a vencer a insegurança.
JS – Quando a autoestima é baixa, há dificuldade de achar os pontos fortes?
Borba – Sim,mas é preciso que a pessoa localize, na vida dela, três grandes momentos em que teve orgulho de si mesma. Esse é um passo importante, mas acho que o segredo para sair da segurança é ousar. A pessoa insegura pode começar entendendo-se, descobrindo-se, mas a seguir, ela tem de aplicar em algo prático para não se restringir só ao nível mental.

Fonte: http://www.a12.com/jornalsantuario/noticias/e-possivel-vencer-a-inseguranca-diz-psicologo
"A melhor forma de prever o futuro é criá-lo."
Alan Kay

arteycuerpo

Já passei por isso a nível pessoal. Uma grande decepção amorosa fez com que me fechasse completamente, deixando de expor sentimentos e emoções, com receio de ser ridicularizada ou magoada, como se expor o que sinto fosse errado. Levou alguns anos para levantar a auto-estima e permitir ser amada. Depois, foi com a relação actual que recuperei a confiança e gradualmente voltei a ser genuína, sem medo de ser julgada pelo meu namorado.
Profissionalmente é mais complicado. As pessoas são levadas a acreditar que o importante é ter um emprego estável, não importa a área, não importa se traz insatisfação, desde que paguem certinho. E depois, quando alguém quer arriscar, ou porque não está satisfeito ou porque não arranja emprego, não falta quem critique, quem diga que nunca vai dar certo, que a pessoa não é capaz. É muito complicado quando só encontras obstáculos e não encontras apoio... Chegas a um ponto que te dá um nó na cabeça e ficas na inércia.
Talvez seja essa insegurança que preciso de trabalhar agora... Acredito que tenha habilidades, só não sei se as conseguirei explorar e tenho medo que não resulte (medo não, insegurança segundo o texto).
É um bom ponto de partida para uma reflexão.

Cassandra

Artyuerpo, parabéns por teres conseguido ultrapassar a tua insegurança emocional. É algo que requer coragem. Concordo contigo em relação ao trabalho. As pessoas gostam muito de aconselhar os outros sobre o que fazer e aonde procurar emprego, apesar de em muitos dos casos, as mesmas sofrerem com insatisfação nos seus próprios empregos. Se escolhermos os empregos errados, ninguém tem nada a ver com isso. Para se ganhar experiência e descobrir o que não está bem requer que se tome caminhos incorretos primeiro. Todos nascemos para um determinado propósito e este pode demorar um bom tempo a ser descoberto ; contudo, a resposta sempre surgirá.
Sinceramente, não aprecio o modo como as pessoas têm encarado o trabalho. As empresas e os patrões exigem muito e colocam muita pressão sobre os funcionários, tornando-os perfeccionistas, individualistas e até neuróticos. Tudo isto acarreta uma enorme carga emocional sobre os trabalhadores. Muitas vezes sofre-se com tanta pressão por um salário mísero.
Estamos numa sociedade muito competitiva e exigente. Para mim, isto traz insegurança e desânimo. Ainda por cima ,ninguém está seguro hoje em dia num emprego, sobretudo se ainda não entrou nos quadros de uma empresa.
"A melhor forma de prever o futuro é criá-lo."
Alan Kay